Quem ganha o quê

Quem ganhou o quê na Cimeira do G20.


Reino Unido
Acabou por confirmar que sabe, como poucos, conciliar ambição e pragmatismo. Teve de "engolir" uma linguagem muito mais dura em relação aos paraísos fiscais e concordar com um estrutura global de supervisão financeira para salvar a "sua" cimeira.
"Um mediador incansável e intelectualmente honesto": o elogio veio do Presidente francês, e diz quase tudo.
Estados Unidos
Não conseguiu convencer o G20 a avançar desde já com a promessa de novos estímulos orçamentais e aceitou um registo mais firme sobre a necessidade de disciplinar os mercados financeiros.
Mas obteve mais recursos para a economia através das instituições financeiras internacionais e provou que é genuinamente um homem que procura o consenso.
China
Não obteve o "sim" a novos estímulos à economia por via da actuação dos Estados, e teve também de "engolir" promessas mais firmes de regulação dos mercados – Hong Kong, não é Nova Iorque, nem a City londrina, mas é "a" praça financeira da Ásia, que vê agora o cerco mais apertado.
Em contrapartida, obteve a promessa o seu peso económico vai passar a conta na governação do mundo. O "anão" político chinês está a chegar ao fim.
França
Se é para escolher um vencedor, é para Nicolas Sarkozy que se deve apontar o dedo. Ameaçou 'partir a loiça' e acabou por conseguir uma redacção incomparavelmente mais firme de combate aos paraísos fiscais. "O tempo do sigilo bancário acabou", lê-se nas conclusões.
Mas não há calendários, e todos os negociadores sabem que a melhor estratégia de fechar negócios e impor-lhes prazos.
Brasil
Combater o proteccionismo e criar circuitos de crédito alternativos para apoiar o comércio mundial foi uma "bandeiras" do Brasil. Lula da Silva leva-as bem hasteadas. Mas não conseguiu "limpar" das conclusões a referência a que o "pacto de não agressão" em matéria de proteccionismo só durar até ao fim de 2010.
Para compensar, vangloriou-se: "Você não acha chique o Brasil emprestar dinheiro ao FMI?" Só não disse quanto.
Alemanha
A chanceler alemã leva para "casa" praticamente tudo o que queria, sem qualquer desgaste de imagem - o "suor", as "lágrimas" e a "encenação" ficaram para Nicolas Sarkozy, que chegara a Londres a garantir que França e Alemanha falariam "a uma só voz".
Merkel ganhou em toda a linha na exigência de disciplina dos mercados financeiros e não viu sequer beliscada a sua ortodoxia orçamental. Obtivemos "exactamente o que queríamos".

Fonte: Jornal de Negócios  Online

Sem comentários:

Enviar um comentário