Elevados
custos de manutenção, viaturas velhas e sinais de desgaste. Esta é a
realidade da maioria da frota dos bombeiros. Por vezes, é melhor deixar
arder a viatura, para vir uma nova… um dia.
Os Bombeiros em Portugal têm combatido fogos este ano como sempre o fazem: com dignidade pela vida e fazendo quase o impossível
. Mas podiam hipoteticamente trabalhar melhor, houvessem frotas actualizadas nas corporações.
Os primeiros 12 dias de Agosto foram marcados por 1783 incêndios.
Nestes dias as corporações perderam 5 viaturas em todo o país, mas
algumas vieram mesmo a calhar, devido aos anos de serviço.
Apelidadas de “sucata sobre rodas”, algumas viaturas
com cerca de 20 anos circulam ainda pelos quartéis a cumprir a sua
missão. Mas das 5 viaturas não escapou também uma recente, um Porsche
que ardeu em Amarante. No incêndio de Penacova, quatro viaturas ficaram
destruídas pertencentes aos Bombeiros Voluntários de Penacova. Todas
estas viaturas ficaram sem restauro possível devido a ficarem expostas a
temperaturas que rondam os 700 graus.
Um dos carros antigos que ardeu era o Renault Camiva, modelo antigo de segunda linha. A frota das corporações é demasiado antiga, e em declarações ao
Jornal O Crime
,
uma fonte confirma que em muitos casos “os veículos têm várias dezenas
de anos e custos elevados de manutenção. Investimentos que acabam por
ser em vão, porque ano após ano os carros são encostados para sofrerem
avultadas reparações”. Afirma também que “há situações em que as
viaturas mais antigas ardem porque de outra forma as corporações não têm
forma de as substituir”,
Os bombeiros actualmente não têm um sistema que analise as
viaturas pelo seu custo versus eficácia, podendo ser mantida uma viatura
ao serviço, com vários anos, mas com custo elevado de manutenção
que poderia ser substituída por uma viatura nova que desse menos custos
de manutenção e que, a longo prazo, fosse financeiramente mais viável.
A mesma fonte adianta que os soldados da paz combatem fogos com “
uma
frota envelhecida, sobretudo nas viaturas de primeira linha onde há
Unimogs atribuídos em 1994, e Renaults entregues em 1989, que ainda
suportam a primeira fase do combate”,
Valeram os fundos comunitários
Os fundos comunitários valeram nos últimos aos bombeiros a pouca
renovação que vem sendo feita. Foram treze milhões de Euros para 96
novas viaturas de combate a incêndio. Tal como noticiado pelo Tugaleaks,
algumas ainda sem vistoria e “prezas” nas corporações
.
Os números da Liga dos Bombeiros Portugueses apontam para que 20% dos 9040 veículos operacionais sejam substituídos. Mas tal não parece acontecer tão cedo.
Por vezes, os bombeiros “vêm nos grandes fogos forma de substituir equipamento
mais antigo que é deixado arder ou dado como destruído”.
Não é, portanto, de admirar que constantemente se fale de desorganização e falta de meios.
O Tugaleaks recorda que publicou uma notícia a intitulada
“São os palhaços dos comandantes lisboetas, que de fogo florestal percebem pouco”
à qual ainda não obteve resposta da Protecção Civil, apesar das várias
tentativas de contacto e da obrigatoriedade de resposta desta mesma
entidade pública aos órgãos de comunicação social. Desta forma, o
Tugaleaks terá já advertido a mesma que irá brevemente recorrer para a
Entidade Reguladora para a Comunicação Social por forma a obter a
resposta, obrigatória por lei, à alegada desorganização das operações
que em nada dignifica os bombeiros.
Fonte: Tugaleaks