Amigo anónimo funcionário público,
Relativamente à recente postagem:
Tolerância de ponto… humilhação para quem?
“Está aí o ridículo. Depois das medidas adoptadas pelo governo em não dar a tolerância de ponto à função pública, eis que a “oposição” se revela em completa oposição contra o dito porque, dizem, estão a tirar o direito adquirido dos trabalhadores…
Valha-nos “santa ingrácia”… será que esses senhores não percebem que os portugueses… repito, os portugueses, que não são os míseros setecentos mil funcionários públicos, entenda-se míseros por serem uma percentagem de 7% da população total e que não são representativos do resto da população que trabalha e sempre trabalhou sem as ditas tolerâncias de ponto…
Posto isto só tenho a dizer… vão trabalhar malandros!!!”
Obtivemos um comentário que agradecemos pela sua análise independente e que muito nos agradou...
Anónimo Feb 4, 2012 03:03 PM
“eu sou funcionário público e trabalho á 20 ano...
trabalho mesmo...
a função pública sempre foi vista como alvo a abater mas já é hora de se ser responsável e tratar com respeito todas as pessoas...
eu como funcionário público não fujo aos impostos etc. etc.
se o privado também fosse trabalhador não estarias-mos na merda...
trabalhem também!”
Permita-me fazer algumas ressalvas ao seu bem-intencionado comentário;
Quanto ao facto de ser um funcionário público que trabalha, creio que a postagem a que faz referência não menciona qualquer indicação de serem pouco produtivos os ditos funcionários públicos, apenas refere que se trata de uma pequena margem da população portuguesa que goza do privilégio de ter tolerância de ponto várias vezes por ano em várias ocasiões e circunstâncias... mas não têm culpa até porque no tempo da "outra senhora" era comum os "trabalhadores do estado" pararem o seu "trabalho", sempre útil ao cidadão, nem que fosse para ver passar os depostos Salazar, Marcelo Caetano & Cª. etc...
Entenda-se que esta não é uma postura xenófoba ou racista aos ditos funcionários públicos mas apenas e só uma opinião apoiada no facto de que o funcionário público sempre foi um privilegiado no tratamento que o estado novo lhes conferiu com uma variedade de mordomias que os classificou de portugueses de primeira e os demais seriam “os outros”.
Falando de mordomias da função pública, não é verdade que sempre tiveram, note-se que disse tiveram, uma caixa privada para a qual fizeram os descontos, com benesses a nível médico e de seguro, isto para não falar na idade da reforma que lhes conferiu sempre um estatuto “vergonhoso” perante os demais portugueses… (apenas um parêntesis para recordar a Grécia onde a reforma da população em geral era aos 55 anos o que ajudou a levar o país ao colapso em que se encontra)… Continuando. Não é verdade que os “nossos” f.p. (leia-se funcionários públicos e não se dê outra interpretação) têm uma reforma baseada apenas no tempo de serviço e que nada tem a ver com os 65 anos do resto da população, isto para não falar dos funcionários com um ratting triplo A (refiro-me a políticos e demais corja alimentada por uma falsa f.p.).
Ressalvo no entanto que há funcionários públicos exemplares de trabalho e esforço que esses sim deveriam ascender aos postos cimeiros da hierarquia profissional, mas continuo a insistir que mesmo esses devem ter o mesmo tratamento dos restantes trabalhadores portugueses ou seja sem as malfadadas tolerâncias de ponto que pelo facto de existirem reduzem a produtividade tão necessária aos tempos que correm.
O senhor f.p. diz que se o trabalhador privado trabalha-se o país não estaria na merd#$%, usando as suas próprias palavras. Não, não fico zangado com o seu desabafo aliás até o entendo, se se trabalha-se mais no privado o país produziria mais e então… não haveria a necessidade de lhe retirar as benesses que tanto o movem.
Por isso senhor funcionário público anónimo só me resta dar-lhe razão por se sentir beliscado, por se sentir humilhado por o colocarem ao nível daqueles que têm de trabalhar durante as suas “tolerâncias” de ponto para lhe pagar o ordenado que aufere, apesar de nesses dias não estar disponível para cumprir a sua função pública de atender os demais portugueses.
Agora que creio ter cumprido o meu desabafo de alguém que trabalha há mais de 20 anos, diria mesmo 33 anos e a com certeza de já estar reformado se fosse f.p. resta-me esperar por alcançar os 65 anos, a correr bem, ou seja, se lá chegar e se ainda houver Segurança Social restam-me mais 14 anos o que em alguns casos de funcionalismo público significaria ter direito a duas reformas.
Castro Dias
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